Congresso Brasileiro de Homeopatia 2012
novembro 15, 2012Congesso Brasileiro de Homeopatia 2012 parte II
novembro 22, 2012CONGRESSO BRASILEIRO DE HOMEOPATIA 2012 – Parte III – IMPRESSÕES PESSOAIS
Escreví 2 textos relatando as atividades do Congresso Brasileiro de Homeopatia de 2012, que aconteceu em Belo Horizonte, de 13 a 17 de novembro. Agora quero escrever sobre minhas impressões pessoais. Já pensava nisto e o incentivo foi o texto do dr. Matheus Marin, publicado no grupo profissionais homeopatas, onde ele parabeniza os organizadores do congresso e descreve este congresso como um “laboratório homeopático social”, pela discussão de assuntos relacionados à “sociedade, pesquisa, organização nacional, estatutos e protocolos que se revêem, 3a. edição da farmacopeia, inserção do estado e do capital nos consultórios, associações, etc.” Conclui chamando a situação do momento de “homeopatia fora da toca”!
Para mim também este último congresso foi um momento muito interessante! Poucos colegas farmacêuticos, apenas cerca de 35, entre farmacêuticos homeopatas, farmacêuticos estudantes de homeopatia e estudantes de farmácia. Porém as discussões foram ativas e produtivas. Karen Denez nos incitando a ocupar espaços e a procurar representação nos diversos níveis administrativos, de municipais a federais. Sandra Regina Silva e Tania Cristina de Souza falando sobre a Política Nacional de Resíduos de Saúde: quais os resíduos importantes que a manipulação homeopática de uma farmácia gera? Basicamente soluções alcoólicas? Quanto de etanol eliminamos, devido às potências intermediárias dinamizadas? Há resíduos de solução alcoólica usada na lavagem de materiais? Está na hora de medirmos estes resíduos, para podermos decidir a importância das medidas a serem tomadas. Este etanol pode ser eliminado pela pia? Os outros resíduos podem ser direcionados para cooperativas ou serviços de coleta seletiva, pois são plástico, vidro, papel, nada específico ou poluidor de uma maneira diferente de outros ambientes de trabalho.
A tarde do dia 13 de novembro, no auditório Turmalina, deveria ser divulgada internacionalmente, pois nunca soube de programação tão inovadora na área da homeopatia aplicada à agricultura. Carlos Bonato, professor universitário de Maringá, Paraná, falou sobre o efeito da homeopatia na fisiologia de plantas. José Renato Stangarlin sobre a possibilidade do uso da homeopatia na indução de resistência a doenças em plantas. Sem agrotóxicos, é claro! O agrônomo e professor universitário de Lages, SC, Pedro Boff, divulgou o uso da homeopatia visando aplicação em sistemas de produção agroecológicos e sua experiência na EPAGRI, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina. É a homeopatia chegando não só nas universidades, como nos órgãos públicos! A reunião sul parece muito bem representada na área, pois Marcia Toledo expôs sobre o uso da homeopatia por agricultores orgânicos na região oeste do Paraná. Lembrando, a agricultura orgânica prevê o uso de homeopatia em vez de agrotóxicos, e portanto representa não só nossa saúde, como a expansão futura de lavoura orgânicas, extremamente valorizadas no exterior e cada vez mais também no Brasil. Carlos Fiorot, médico homeopata de humanos, apresentou o trabalho que fez com o professor Pedro Faé no Espírito Santo, ao imaginar qual medicamento homeopático clássico poderia se assemelhar a uma cultura de maracujás atacada por uma virose, prestes a aniquilar toda a grande plantação. Escolheu Arsenicum album, aplicou sobre a plantação e salvou os pés de maracujá! Foi o relato de um caso de agricultura, tomando por base a matéria médica homeopática clássica! E finalmente a também professora universitária do Paraná Solange Carneiro, apresentou também uma experimentação patogenética realizada em feijões. Geralmente plantações atacadas por bactérias ou fungos são tratadas com agrotóxicos, e as que sofrem com viroses são destruídas e queimadas, pois não já tratamento para elas. Estes professores e homeopatas, que estão tateando a ideia de usar o mesmo raciocínio que Hahnemann sistematizou, porém em vegetais, merecem todo nosso respeito e admiração. Pelo menos o meu! Em muitos seres humanos já não é fácil encontrar os sintomas bem definidos, importantes e peculiares. Com animais de estimação é mais difícil, ainda que seus proprietários saibam muitos detalhes sobre seus sintomas, preferências, apetite, sono, etc. Em animais de corte, é ainda mais difícil, pois raramente se consegue identificar sintomas particulares. Imagine só em plantas! Em uma plantação toda! Associar o comportamento de feijoeiros doentes à matéria médica clássica, elaborada sobre sintomas de serem humanos! Bem, posso dizer que o que está acontecendo aqui em nosso país é único! Em outros países há um ou outro pesquisador dedicado à agrohomeopatia, mas não como aqui que são diversos professores universitários, de diferentes instituições estudando o tema.
E no dia 15 de novembro, pela manhã no auditório Turmalina foi a vez de ampliar a discussão para o ambiente veterinário. Assim a presidente da Associação Médica Veterinária Homeopática Brasileira, Barbara Goloubeff, apresentou as bases legais do receituário homeopático médico-veterinário, já que uma dificuldade atual é a discussão da legalidade de sua manipulação e dispensação em farmácias com manipulação homeopática. Francisco Câmara, da UNESP de Botucatú, falou sobre o receituário homeopático agronômico. Em meus quase 30 anos de farmácia homeopática nunca ví um receituário homeopático emitido por um agrônomo, mas são novos caminhos que precisam ser abertos, discutidos. A veterinária e fiscal sanitária do MAPA, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Maria Cristina Bustamante, apresentou material realizado com a farmacêutica também do MAPA, Lourdes Schaper. Cristina já iniciou sua fala declarando que “vinha em missão de paz”, provavelmente pelo fato de ser fiscal do Ministério. Falou sobre os entraves e desafios para regularização e regulamentação do uso veterinário, assim como na agricultura, dos medicamentos homeopáticos. Felizmente, por possuir um amplo conhecimento e experiência na área da homeopatia, para ela, um Sulphur 30CH para humanos é o mesmo Sulphur 30CH para animais ou plantas. Como a rede de farmácias com manipulação homeopática já existe e está regulamentada, não há motivo para não utilizá-la na disponibilização dos medicamentos. Que ótimo contar com bom senso no Ministério! O farmacêutico Marcelo Camilo Morera, da ANVISA, falou sobre como adequar a farmacopeia homeopática brasileira aos medicamentos usados na agricultura e veterinária. Juntos, profissionais do MAPA e da ANVISA estavam muito ativos procurando maneiras de regulamentar os medicamentos homeopáticos de maneira correta, com qualidade garantida, para os diversos usos, prescrições e necessidades. Daniela Macedo Jorge, bióloga e especialista na discussão de agrotóxicos e em Vigilância Sanitária, da ANVISA, ampliou a discussão para produtos destinados ao controle biológicos na agricultura. E finalmente a farmacêutica Elaine Baptista abordou sobre a farmácia magistral e a manipulação de medicamentos homeopáticos veterinários. A manhã ainda continuou com a discussão do uso da homeopatia na produção orgânica veterinária e vegetal. Apresentações preciosas, seguidas de discussões importantíssimas. Repito que conheço algumas pessoas no mundo que estariam interessadíssimas nesta parte do congresso – se compreendessem português. Ou seja, o idioma é um entrave na divulgação do lindo trabalho realizado aqui, especialmente em homeopatia. Por isto precisamos fazer um esforço para publicar e comunicar-se em inglês, já que português não é ainda um idioma conhecido por muitos no mundo.
Conversando com veterinários e agrônomos, durante jantar após o congresso, percebí a importância do uso de dinamizações em plantações, pois eram muitos os relatos de intoxicações graves e fatais de agricultores. Será que as dinamizações se imporão no mundo rural, favorecendo todos os habitantes que ministram agrotóxicos, mas também todos nós que nos alimentamos destas plantações? Esperamos que o bom senso e a saúde prevaleçam, não apenas os interesses econômicos. E o futuro demonstre cada vez mais a possibilidade de uso da agrohomeopatia. Além disto, não é engraçado quando pensamos em todos que dizem que para que a homeopatia faça efeito, “é preciso acreditar”? Homeopatia não é religião. E como diz minha amiga dentista homeopata Ana Elisa Padula: “Homeopatia, não acredite. Experimente!”.