Ensinar ou Aprender? Semana da Farmácia Faculdade Brás Cubas
outubro 6, 2012Congresso Brasileiro de Homeopatia 2012 – parte III impressões pessoais
novembro 22, 2012CONGRESSO BRASILEIRO DE HOMEOPATIA – Belo Horizonte, 2012
20 anos se passaram desde o anterior congresso brasileiro de homeopatia que aconteceu aqui em Belo Horizonte, no mesmo Minascentro.
O número de homeopatas presentes é bem menor, porém as discussões parecem ser bem mais maduras.
Ontem, pré-congresso: atividades farmacêuticas. Karen Denez, de Florianópolis, falou sobre as interfaces políticas da ABFH, Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas. Contou sobre suas atividades nas comissões de Práticas Integrativas e Complementares CIPICSUS e do CFF, Conselho Federal de Farmácia. Além disto divulgou as atividades diversas que a ABFH vem realizando, demonstrando que temos que ocupar os espaços diversos que se abrem para a Homeopatia. Em seguida a farmacêutica mineira Sandra Regina Silva e a engenheira Tania Cristina de Souza abordaram a Política Nacional de Resíduos de Saúde e como as farmácias homeopáticas devem se relacionar com esta normativa.
Em outra sala, as apresentações e discussões giraram em torno de apresentações da homeopatia em agricultura. O efeito da homeopatia na fisiologia de plantas, as possibilidades de seu uso na indução de resistência a doenças em plantas, relatos do uso em sistemas de produção agroecológica, uso da homeopatia por agricultores orgânicos, assim como experimentação patogenética e sintomas em pés de feijão e repertorização da cultura de maracujá com virose. São temas que suscitam muito interesse e que contou com a presença de profissionais das diversas áreas, além dos agrônomos. A possibilidade de redução do uso de agrotóxicos anima a todos que são preocupados com a saúde.
Outras salas mostraram atividades da homeopatia em Odontologia; curso informativo para leigos; um curso-passeio pelas trilhas rumo ao Simillimum, a partir dos pioneiros Hahnemann, Bönninghausen, Kent, Hering, Allen, passando pela escola francesa, a escola argentina de Paschero e Elizalde), pela Homeopatia Sistêmica de Romeu Carillo, Homeopatia Previsível de Prafful e as novas Tendências de Sankaran, Scholten e Mangialavori. Muito interessante para uma visão mais ampla a partir dos mestres. Outro auditório mostrou curso de homepatia em intensivismo, paliativismo e epidemias, além do V Simpósio Ítalo-Brasileiro de Homeopatia. À noite houve um curso informativo sobre homeopatia direcionado para e estudantes e profissionais da área da saúde, ministrado pelo presidente do congresso, Mario Cabral Ribeiro.
Hoje, 14 de novembro houve a abertura oficial do congresso, que contou com a participação de representantes das associações homeopáticas locais e nacionais, assim como com o secretário de saúde da cidade de Belo Horizonte, que mostrou-se bastante favorável às PICs no município. A cerimônia inicial foi seguida por uma mesa redonda sobre a homeopatia e os outros campos do saber, com a participação de Nelson Monteiro Vaz que abordou a biologia cognitiva de Maturana, com a proposta de medicina baseada em cognição pelo italiano Francesco Marino e uma interessante participação do holandes Franz Vermeulen que criticou as informações presentes em diversas matérias médicas, a partir da perfeita identificação da substância de origem dos medicamentos homeopáticos. Quando perguntado quais recomendações para alterar esta situação e melhorar o conhecimento sobre as medicamentos, Vermeulen declarou que passava pelo envolvimento das diversas associações homeopáticas e escolas, para melhoria das matérias médicas. E que ele é um voluntário para esta tarefa. Com certeza a ABFH também participaria deste enorme trabalho, essencial tanto para que tenhamos medicamentos de melhor qualidade, quanto para uma prescrição mais correta e precisa.
Na parte da tarde houve uma mesa-redonda com a participação de médicos e farmacêuticos, sobre O Modelo Magistral da Farmácia Homeopática, ou seja, o congresso manifestou-se favorável à manutenção do modelo brasileiro de dispensação de medicamentos homeopáticos, que privilegia os manipulados e não os industrializados. Carlos Alberto Fiorot abordou a necessidade da prescrição individualizada. A mim coube o tema “Como garantir a qualidade do medicamento homeopático”, e em resumo declarei que a qualidade passa pela formação do farmacêutico (que inclui também cursos e congressos com participação conjunta de prescritores e farmacêuticos), pela disponibilidade de matéria prima de qualidade para que farmácias possam continuar seu trabalho e ainda pela proximidade entre os profissionais, pelo contato, pela união. A farmacêutica mineira Thais Correa de Novaes ficou encarregada de mostrar como garantir o acesso ao medicamento homeopático fora do horário comercial e nas cidades do interior, e em sua apresentação mostrou que não tinha uma resposta final, mas toda a complexidade da questão. E finalmente o farmacêutico da Vigilância Sanitária estadual de MG, Alessandro de Souza Melo, falou sobre como adequar as necessidades de vigilância sanitária ao modelo magistral de farmácia homeopática, mostrando como é sempre necessária e bem-vinda a participação das autoridades sanitárias em reuniões desta natureza.
Em seguida outra mesa-redonda desafiadora: A Prescrição em Homeopatia. Ariovaldo Ribeiro Filho, presidente da AMHB, falou sobre a prescrição realizada por terapeutas homeopatas leigos. André Lorenzon, representante do Conselho de Medicina, reiterou a fala anterior, citando questões legais e do código de ética médica. Tarcísio Palhano, farmacêutico assessor da presidência do CFF (Conselho Federal de Farmácia), contou sobre a I Oficina de Serviços Farmacêuticos em Farmácias Comunitárias, realizada em Brasília, neste ano. Começou perguntando o que o farmacêuticos tem a oferecer hoje à sociedade, ou melhor, o que a sociedade espera do farmacêutico. Seguiu dizendo que a prescrição farmacêutica foi um dos serviço identificados na Oficina, composta por membros da academia, assim como autoridades da área do medicamento. A prescrição farmacêutica, segundo o professor, é a ação de recomendar algo que pode incluir a seleção de uma alternativa terapêutica (medicamentosa ou não) para autocuidado de problemas de saúde autolimitados, ou a prestação de outro serviço farmacêutico, ou ainda o encaminhamento a outros profissionais de saúde. Sua apresentação foi firme, clara e segura, esclarecendo aos presentes em um congresso médico, sobre a atuação do farmacêutico, que pode compreender a indicação de medicamentos de venda livre de prescrição médica. Fui a próxima, representando a ABFH, e falei sobre as dificuldades que as farmácias tem em lidar com usuários que já conhecem medicamentos, ou que os buscam em diversas fontes de informação, ou mesmo que solicitam uma indicação para o farmacêutico, para tratar um sintoma considerado como passageiro e de pouca gravidade. No final, Carlos Alberto Fiorot apresentou os aspectos jurídicos da prescrição de medicamentos. As apresentações e a discussão que se seguiu mostrou maturidade, assim como uma boa vontade de trabalharmos juntos na busca das melhores soluções para os problemas conjuntos que agetam a homeopatia.
Depois de bastante trabalho e discussões, houve o coquetel de boas vindas. Amanhã tem mais!